por: Jean Marcel Ragugnetti Furlaneto
e-mail: jeanmarcelfurlaneto@gmail.com
Nas últimas quatro décadas o agronegócio brasileiro experimenta um crescimento exponencial sem precedentes, assumindo segundo a própria ONU o grande papel de produtor mundial de alimentos. A transformação e o crescimento, no entanto, escancararam alguns pontos que não veem de hoje. Primeiro deles está diretamente ligado ao mundo globalizado capitalista. Barreiras alfandegárias, questões de embargos com fundamentos minimamente duvidosos (para não dizer escancaradamente protecionistas), e por último discursos inflamados com achismos e dados meramente infundados de proteção de nossas reservas.
Não acreditam? Vamos aos dados, pelos quais podemos ver de forma mais nítida o que aqui afirmo. O Brasil apresenta uma área agricultável disponível total estimada em 152,5 milhões de hectares ou 17,9% do território, sendo que destes 62,5 milhões de hectares ou 7,3 % do território é constituído pela área agricultável já utilizada. As contas do Brasil da área de proteção ambiental são mais completas que os cálculos do PNUMA. Se o Brasil já é campeão com 247 milhões de hectares, imagine se forem considerados os números totais de preservação de 563,7 milhões de hectares! Não quer acreditar no número? Pois deve acreditar. Ele foi elaborado pela Embrapa Territorial, com uso de imagens via satélite e o cruzamento de informações vindas do Sistema Florestal Brasileiro (SFB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Agência Nacional de Águas (ANA) e do extinto Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), hoje absorvido pelo Ministério da Economia. Quer se surpreender pouco mais? Vamos lá, enquanto o Brasil tem 66,3% da sua área destinada à vegetação e protegida e preservada, os americanos tem menos de 20% (19,9% para ser mais exato). A média de cobertura florestal da União Europeia (UE), de 41,7%
Segundo ponto que está nítido e escancarado é como o mercado global dita o jogo. Embora sejamos os responsáveis atuais por alimentar 10% da população global, importamos 85% dos insumos necessários para esta produção. Em um cenário que já se encontrava bastante complexo devido a pandemia mundial de COVID-19, e somado a um período de conflito bélico entre Rússia e Ucrânia, e questões internas de países como Belarus a conta não fecha. Dados da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) e SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), indicam que os preços da ureia, do MAP (fosfato monoamônico) e do KCL (cloreto de potássio) subiram 70,1%, 74,8% e 152,6%, respectivamente. Já o glifosato foi o que teve o maior aumento, de 126,8%, devido, principalmente, à interrupção da operação de indústrias fabricantes na China. Além do aumento, outro problema é a disponibilidade. Fechamento de portos, falta de mão de obra e contêineres, políticas cambiais intangíveis, e aquecimento do consumo ajudaram ao não fechamento da equação.
Diante do exposto, e diante de tudo o que vimos, ainda assim, foi o crescimento do setor. Como? O setor do agronegócio nacional é resiliente, e não é de hoje. O produtor nacional está habituado a enfrentar todo o tipo de dificuldade. Muito comum é ouvir dos que convivem e permeiam o meio a mais tempo a velha máxima que nenhum ano é igual ao outro. E é fato! Além das políticas globais, questões cambiais, políticas internas, oscilações de mercado interno e externo, o agricultor brasileiro já está habituado a contar com dissabores inclusive climáticos. Esta soma de fatores, mesmo que a duras penas, educou o agronegócio brasileiro a buscar sempre alternativas. A mais notória que podemos ver está justamente relacionada ao setor de insumos. A revolução apresentada nos últimos anos pelos produtos biológicos ligados a cadeia do agronegócio é de longe uma solução acima de tudo sustentável e rentável. Se por um lado os agroquímicos advêm em 85% do exterior, com relação aos produtos biológicos o cenário não se repete. As principais bases necessárias à produção veem de produção nacional, sendo necessário alguns componentes e insumos oriundos do exterior.
O cenário só tende a apresentar-se melhor quando analisamos também o tempo e os custos para se encontrar soluções. Se para a elaboração, análise e registro de novas moléculas agroquímicas temos décadas necessárias, e cifras astronômicas, para os produtos biológicos o cenário é outro. É preciso ressaltar que ninguém no setor de produtos biológicos ligados a agricultura está inventando a roda. A evolução da visão do agro mudou, e hoje estamos retomando as condições de base e equilíbrio que eram naturais do agrossistema. Esta situação corrobora o que vos digo que a agilidade e as bases dos produtos são mais rápidos, e menos onerosos. Os pesquisadores nacionais sempre tiveram destaque em suas bases, e esta evolução veem explodindo agora. Enquanto os agroquímicos demandam altos investimentos, a simbiose de alguns microorganismos já conhecidos, e alguns novos propicia novos produtos, com ações complementares mais amplas.
A alternativa do cenário exposto globalmente está em nossas mãos. Produtos sustentáveis, com melhores relações custo benefício, e que dependem minimamente de insumos e produtos internacionais. Esta soma de fatores evidencia o crescimento que estamos vendo e para onde saudavelmente o agro nacional caminha. A tendência é que médio prazo vamos ver uma agricultura nacional ainda mais forte, e ainda mais sustentável. A entrada e a pressão dos produtos biológicos são inevitável, e veio para somar, e tornar nossas bases ainda mais sólidas, e mais atrativas ao mercado global. Você meu leitor já está praticando e utilizando essas soluções? Se não te convido a conhecer e utilizar nossos produtos!